A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) está entre as mais temidas por atletas de alto rendimento e amadores. Apesar de uma baixa incidência quando comparada a outras lesões – como as entorses de tornozelo e lesões musculares, por exemplo – são lesões mais graves que necessitam de cirurgia e um longo período de reabilitação.
Os ligamentos cruzados (anterior e posterior) e os colaterais (medial e lateral) formam um conjunto de estabilizadores da articulação do joelho, com a função de resistir às forças mecânicas que incidem sobre essa região durante tarefas motoras. O LCA atua especificamente como estabilizador da translação anterior e rotação medial da tíbia.
A lesão do LCA ocorre predominantemente por mecanismo traumático indireto (sem contato com outro atleta) em decorrência de uma cascata de eventos biomecânicos que culmina numa abdução da tíbia, rotação externa da tíbia em rotação ao fêmur e cisalhamento anterior da tíbia. A ocorrência das lesões do LCA está associada a movimentos esportivos de grande potência, como mudança de direção, aterrissagem e giros (pivot) sobre o pé fixo no solo, tais como: futebol, basquete, handebol, vôlei, rugby, futebol americano, entre outros.
Para potencializar a reabilitação após a cirurgia de reconstrução ligamentar, é de extrema importância que o atleta lesionado apresente algumas características antes da cirurgia, como amplitude de movimento completa para extensão e flexão do joelho e simetria de forças de extensão e flexão entre o joelho lesionado e o sadio.
O processo de reabilitação pós-operatória dura cerca de 9 meses. Nas primeiras semanas, são adotadas medidas de controle de dor e edema, além de recomendações sobre o posicionamento do membro. A permanência do joelho com um pequeno grau de flexão, apesar de mais confortável, pode acarretar prejuízo para o andamento da reabilitação em períodos posteriores. Durante o primeiro mês de reabilitação, é de fundamental importância a extensão completa do joelho, a ativação do quadríceps e o ganho de flexão da articulação (cerca de 120°) para o restabelecimento da marcha sem claudicação e sem auxílio de muletas. Nos meses subsequentes, a reabilitação é cada vez mais direcionada ao ganho de força muscular, estabilidade postural dinâmica e controle motor relacionado aos gestos esportivos do atleta.
Antes de retornar à prática esportiva, o atleta deve atingir alguns critérios:
O grande período de afastamento do atleta da prática competitiva acarreta perda de suas habilidades esportivas, portanto o retorno ao esporte é feito de forma gradual e o atleta é reintegrado aos treinamentos e, posteriormente, à competição.
A multidisciplinaridade é de fundamental importância durante o processo de reabilitação. Uma atuação integrada entre os profissionais que assistem o atleta (médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos, nutricionistas, psicólogos) minimiza os riscos e potencializa os resultados, portanto a definição dos objetivos da reabilitação juntamente com os profissionais envolvidos e o atleta deve ser encorajada sempre que possível, diante da complexidade que envolve esse processo.
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